quinta-feira, 27 de março de 2008

Rainy Day 15:35 PM


Eu tenho uma relação especial com dias cinzentos. Sempre preferi eles aos dias super ensolarados, desde criança. Eu me lembro muito bem agora de como eu adorava ficar em casa brincando nas férias do meio do ano, enquanto chovia lá fora. Eu era capaz de passar tardes inteiras brincando com os meus bonequinhos (eu sempre fui mais um menino de bonequinhos– do que de carrinhos e navezinhas; sempre me interessei mais pela parte humana do que pela parte mecânica). E eu criava brincadeiras mirabolantes. Eu sempre saía de casa um pouco nos momentos em que a chuva parava. Colocava um tênis ou galochas, e ia lá fora olhar as poças e as plantinhas molhadas. Eu sempre adorei olhar poças de água logo depois de chover – todas elas limpinhas, com a terra acumulada no fundo. Eu costumava imaginar mundos nas poças, costumava imaginar que elas eram lagos enormes, e que os bichinhos eram monstros, ou pessoas em aventuras, rs. E sempre tinha uma formiguinha que caía na água, e eu sempre salvava, como se fosse uma pessoa em apuros – e ficava imaginando ela ofegante e nervosa, depois de quase ter morrido naquele lago enorme. Então eu ficava pensando em como que, enquanto pra mim aquilo era só uma poça, pra uma formiguinha era como uma lagoa...


Eu tenho alguma coisa com lagoas que eu nunca sei especificar bem o que é. Eu sinto que, de alguma forma, dentro de mim lagoas estão associadas com dias chuvosos e minha infância – sempre que eu lembro de uma, as outras vem junto. Me lembro de uma vez, na primeira série, quando eu aprendi alguma letra nova (naquela época a gente estudava uma letra do alfabeto por vez, pra aprender a ler). Acho que era o L de “lagoa” – sim, era isso mesmo. Cada letra da cartilha - aimeudeus, as cartilhas, sempre com coisas obtusas como “Eu gosto de aprender” ou coisas do tipo. Eu sempre olhava pra esses nomes e repetia – “eu não gosto de aprender”, hahaha – então, cada letra da cartilha era associada a alguma coisa, e o L era associado com a lagoa. Na página do L tinha uma ilustração de uma lagoa, um menino e um sapo, com o menino olhando ou conversando com o sapo. Aquilo me marcou TANTO, e eu nunca soube dizer bem o porquê.


De qualquer forma, sempre que eu olho uma pocinha ou um laguinho em um dia chuvoso, me vem essas coisas a mente, e me lembro da minha infância. E coisas como essas fazem parte de quem eu sou. Essas coisas são eu. E ninguém vai poder tirá-las de mim...

Um comentário:

Renato Andrade disse...

que lindo layout paai ♥ nossa lindo mesmo *-* <3